domingo, 3 de outubro de 2010

Oe-Cussi Amlenu

Em 4 de Setembro de 2010, por motivos profissionais, mais alguns colaboradores da empresa onde trabalho, há quase três décadas, viajámos até ao Oecusse.



Oecusse também conhecido por Oe-Cussi Amlenu (em tétum), é um dos 13 Distritos Administrativos em que Timor-Leste está dividido.


O Oecusse, tem uma área de 815 Km2 e, segundo dados de 2004, era habitado por cerca de 58.000 cidadãos, com uma densidade populacional de 71,7 almas por km2.


A sua capital é Pante Makasar, que no tempo da ocupação portuguesa era conhecida por Vila Taveiro.

O Oecusse, segundo alguns historiadores, foi visitado por caravelas portuguesas, poucos anos depois da descoberta do caminho marítimo para a Índia por…, claro Vasco da Gama, em 1498.
 Referem, que tal visita ocorreu entre 1510 e 1512, conforme relatos de cronistas da época, contudo, só em 1556, os portugueses assentaram arrais em Pante Masacar, sendo por isso considerado, o Oecusse, como o berço de Timor.

Desde aquela data, que o controle económico e geopolítico era disputado pelos portugueses e holandeses, duas potências coloniais do Oriente, naquela época.

O conflito foi sanado, em 1859, com a assinatura do Tratado de Lisboa, que dividiu a Ilha do Crocodilo em duas partes, cabendo a porção leste e o enclave de Oecusse a Portugal, com capital em Dili e o restante território para à Holanda, cuja capital era, e é, Kupang.


O tratado da divisão da Ilha de Timor manteve a sua competência, mesmo quando a Indonésia se tornou independente, de pleno direito da Holanda, em 1949.

O enclave de Oecusse foi, curiosamente, o primeiro território a ser invadido pela Indonésia, em 29 de Novembro de 1975, no processo de ocupação de Timor-Leste, até ao ano de 1999, data em que foi realizado o referendo, ganho pelas forças partidárias da independência desta jovem Nação.
 O Oecusse ficará na minha memória como uma das experiências emotivas que tiveram origem nas visões do grego Ícaro.

Só que o “Brad” um trintão AUSI (australiano) não tinha asas de cera, mas sim um mono motor, o VH-TMX, concepção australiana e motor americano, que nos permitiu efectuar cada viagem (ida e volta) em cerca de uma hora.

Talvez um dia experimente ir ou regressar de barco, no “Berlin Nokroma” ou viajar de “Jeep” e possa relatar a experiência, ao que parece mais, diversa, movimentada e extenuante.

A viagem decorreu à beira-mar onde apreciámos o relevo, os rios e praias inexploradas, ao longo de kms, onde as ribeiras, imprevisíveis, matizam na sua foz o mar de cores, pardas, cinzentas, acastanhas e outras indefenidas.







Eu, no lugar de co-piloto, podia ver a rota e ouvir, os contactos do "Brad" com as torres de controle de Bali e de Kupang.


Frases em código, Victor Hotel Tango Mike XisRay "calling waiting for"ou dando a nossa posição...

As letras maiúsculas identificam a aeronave perante os controladores aéreos.

A certa altura, no regresso, talvez por uns dez minutos, perdemos o contacto com as torres de controle e sobrevoámos as terras de Indonésia, com mar à vista.





Aterrámos, em perfeitas condições na pista de terra batida de Oe-Cussi Amlenu, mesmo ao lado do Oceano Pacífico.







Várias imagens de filmes e de fotografias reavivaram-se na minha memória quando o vi do ar e aterrámos no dito aeroporto.

Realizaram-se as tarefas previstas e fomos, ao mercado semanal, ver se poderíamos comprar peças de artesanato, ou mesmo velharias típicas da região.

Não havia nada do género.

Comprámos gula mera, umas formas triangulares, arredondadas, ligeiramente duras e doces, um subproduto proveniente da extracção do suco da palmeira, da qual fazem, também, uma espécie de bebida alcoólica que, ainda, não tive oportunidade de provar

Através da nossa intérprete, consegui tirar umas fotografias a uma vendedora de tangerinas, bem docinhas por sinal, por contrapartida de um USD.









    O interesse do retrato era captar, a cor dos lábios e dos dentes que estavam tingidos de um vermelho vivo resultante de um produto vegetal que mastigam ao longo do dia.

Quando estava pronto para conseguir a foto limpou, com as costas da mão, os lábios e lá se foi a maior parte do efeito colorido.

No nosso plano de estadia, tínhamos previsto visitar o padrão que assinala o local, onde desembarcaram, pela primeira vez os intrépidos navegadores portugueses.

Não pode ser, porque o avião era necessário para evacuar um doente para Dili.



Regressámos à capital, sem termos almoçado, mas com o dever cumprido e tentando ajudar uma pessoa que algures esperava por socorro.

sábado, 18 de setembro de 2010

BALI 3 - KUTA

No dia seguinte, a manhã foi dedicada à compra de um, aliás, dois polos da "POLO" lançados para o mundial de "foot in RSA" com a bandeira portuguesa.

Um era encomenda do Marco, o meu vizinho, que não conseguiu encontrar a sua medida, quando esteve em Bali.

Não sei quantas lojas visitei, mas consegui, um para cada um de nós.

Enquanto, deambulava pelas ruas, fui abordado pelo Sr. Gusti Ketut Wana que se propunha levar-me no seu carro particular, a diversos lugares turísticos, mediante uma determinada importância, que considerei elevada, para se fazer negócio.

Manifestei-me desinteressado da proposta.

Lá fui observando centenas de lojas, ou talvez milhares, rua acima, ofereceram-me todos os tipos de produtos e serviços, mesmo matinais...

Finalmente comprei os ditos "POLOS" e, de regresso ao hotel, encontro de novo, o Sr. Gusti Ketut Wana, e fechámos o negócio, para me levar, toda a tarde, a visitar lugares considerados turísticos.

Bem, lá entrei na viatura, um odor não identificado, baralhou os meus sentidos.

Surpreendido, olhei para o lado direiro do tablier (recordo que no oriente a condução à esquerda, habituamos-nos rapidamente), e o que vejo?

Cinco cestos, com oferendas a Divindade(s) Hindu(s) que exalavam o olor, acima referido.

Gentilmente, abri o vidro e disse ao Sr. Gusti Ketut Wana, que gostava de viajar com os vidros abertos para...spreading fresh air.

Percebem porquê?...

Para início da rota turística, escolhi o Templo Pura Luhu Uluwatu que pode ser visitado por agnósticos e praticantes, ou não, de outras religiões.

Paguei as 3.000 rúpias da entrada e tive de usar uma espécie de saia azul e, um cinto amarelo, cores que presumo, são do agrado das divindades.

No parque de estacionamento observo uns simpáticos símios cinzentos, comendo e realizando, as macaquices do costume.


Ultrapasso o portão da entrada e, desço por uma álea de árvores que conduzem ao templo.



Mais símios, saltitam, de um lado, para outro.

Como estava só, aguardei que um bando de primatas prosseguisse o seu caminho, liderados por um patriarca.

Com precaução, subi alguns lanços de escadas e tirei as primeiras fotogafias do promontório, onde o templo se situa.







De repente, sinto uma leve pressão nas costas e os óculos, como magnetizados, saltaram da minha face.

Virei-me, e o que vejo, um antipático símio, de média estatura, a mordiscar as minhas lentes progressivas, a desmontar a armação e, os ditos auxiliares de leitura, num ápice, a ficarem em fanicos.

Eu bem gritava, dá...,dá...dá, mas sem conseguir nada do macaquito.

Não sei como, do nada, surge uma senhora que se aproximou do bicho, lançando-lhe gluseimas em sacos coloridos.

O animal, lá foi, aos poucos, largando os meus preciosos óculos, em peças separadas e, julguei eu, prontos para a sucata.

Claro que tive de pagar pelo resgate das lentes e das hastes dos óculos à tão corajosa benfeitora.

Ainda, não estava refeito do meu ataque já um turista brasileiro, ficará sem os seus óculos de sol.

A intervenção da intrépida senhora e dum monge permitiu a recupeação dos mesmos, sem qualquer estrago, claro que houve mais uma contribuição monetária para a causa.

Então o que se passa no Templo Pura Luhu Uluwatu?

Funciona uma economia de mercado, uma espécie de SA, os macacos roubam os óculos aos visitantes, a senhora lança-lhe glusiemas, ganha rúpias que divide com os monges e claro o comércio local, também lucra, com as vendas dos produtos para os macacos. 

Então, que fazer?

Onde houver macacos, tomem cautela com os óculos, ou outros objectos brilhantes, porque à entrada do parque, ou na bilheteira nada dizem sobre as precauções a ter.

O negócio está primeiro.

A harmonia do macaco, da salvadora dos óculos e dos monges.
 Como era domingo e, no outro dia regressava de manhã cedo, pedi ao Sr.Gusti Ketut Wana que me levasse a uma óptica, para  reparar os óculos tão habilmente desmontados.

Das que ele conhecia estavam fechadas, azar o meu.

Nesse trajecto, vejo o Carefour, lá fomos, e consegui a reparação dos ditos, os quais me têm permitido trabalhar e partilhar estas linhas com os meus amigos.

Com este precalço que tive lucrou também, o Sr. Gusti Ketut Wana, que fez poucos kms, pois eu já não tinha disposição para viajar e ter mais surpresas.

Fui para o Hotel.

Mudei de roupa e fui para a praia, ver as ondas no seu movimento ritmado, cíclico e pachorrento.

As crianças brincavam, alguns adultos jogavam à bola, outros corriam, liam, passeavam, pensariam em qualquer...nada..., do seu imaginário.



Lembram-se de eu ter dito que do Por do Sol, falaria mais tarde.

Todos os sítios têm, um ocaso do astro rei, mais ou menos bonito.

Depende de como é vendido o produto.

 O de Ibiza é famoso, os africanos, que não conheço têm fama e os de Portugal, não?

Apreciem, então imagens de fim de Agosto de 2010, em Kuta Beach.


Um dia, talvez, consiga imagens de lugares distantes e  aqui tão perto, que poderão causar surpresa.

Hoje não tenho.

Assim, acaba a 1ª viagem a Bali.

Oxalá, que tenham gostado.


















domingo, 12 de setembro de 2010

BALI 2 - KUTA

Depois de estar dois dias repousantes na montanha, num ambiente calmo, com temperaturas frescas à noite e, sem a azafama de vendedores ambulantes, poluição e businadelas de tudo o que tenha motor, decidi descer ao nível do mar.

Pedi no hotel que reservassem duas dormidas em Kuta, para as noites de 28 e 29 de Agosto.

O táxi conduzi-me pela mesma estrada sinuosa, movimentada, com todo o tipo de veículos, com predominência das scooters.

A velocidade da viagem, era a possível tendo em conta que, é uma estrada estreita de montanha, com muito trânsito, e que  atravessa várias localidades. 

A certa altura a viatura imobilizou-se, à nossa frente mais carros e autocarros estavam parados, apenas as scooters gingavam à esquerda e à direita e lá seguiam em frente.

Não podiamos avançar, pela estrada, porque decorria um cortejo funebre hindu, que se estendia a perder de vista.

Pacientemente aguardámos que pudessemos avançar, o que aconteceu muito lentamente, até um templo situado no lado direito da estrada.

Certamente que seria uma pessoa importante, considerando o número de pessoas que compunham o cortejo e à dimensão do grupo musical, com instrumentos  orientais, tambores e outros, de que não sei o nome.

Sorte, a minha, que não tinha de ir apanhar um avião para regressar, seguramente que não chegaria a horas de partir.

Apesar da espera e, quem espera desespera, não me atrevi a tirar fotos, uma vez que havia um espécie de melícia armada, com rádios e espadas, a controlar a segurança dos participantes.

Fui prudente, ou...

Bem, mais tarde do que previsto lá cheguei ao meu destino o:

Hard Rock Hotel, uma legenda que nos transporta, com a sua decoração, com peças usadas por grandes ídolos, aos tempos em que o rock ditava a lei da irreverência, que muitos vivemos

Nele podemos ver peças genuinas doadas por artistas conceitados e, muitas, são peças únicas no panorama musical.



Guitarras de vários artistas.






Todas as noites um grupo de rock toca o seu repertório, os pedidos dos clientes e, convidam a assistência a participar.


A estrutura de ocupação dos tempos livres do hotel, para além, de ginásio devidamente equipado e com professor grátis, existem outras actividades de modo a satisfazer o cliente e motivar o seu consumo.

É o caso do SPA onde propõem vários tratamentos estéticos incluíndo as célebres massagens balinenses.
 

O Hard Rock Hotel possui uma bela piscina, que serve de alternativa à praia que se encontra mesmo ao lado, é só atravessar a rua.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não estou a fazer publicidade é a verdade e os nostálgicos do rock sentem-se lá bem.

Kuta tem tudo o que muita gente gosta.

Há inúmeras lojas, salpicadas de cores e cheiros, em ruelas estreitas, onde se vende de tudo, imitações, falsos quase verdadeiros e tudo é negociável.

Há, como em qualquer parte do mundo, as grandes "griffes"  da moda a preços quase similares.

Oferecem, também, outros serviços mais personalizados, massagens específicas, das costas,  dos pés, outras..., circuitos turísticos, até produtos que, a sua introdução na ilha pode levar à pena de morte.

Aconselho uma massagem balinense, a verdadeira, e sentirão no corpo, não carícias, que estão já à espera..., mas uma tareia, no bom sentido, que por vezes é dolorosa.

No entanto, ao fim de uma hora ou mais, consoante o tempo que paguem, vão experimentar uma sensação agradável que querem repetir e dão bem empregues as rúpias dispendidas.

O comércio básico é o de vestuário, calçado, artesanto, adereços, óculos e relógios entre outros.

A contrafacção, se não é legal, é permitida.



 


Kuta é muito frequenada por surfistas de todo o mundo.

Até as scooters estão adptadas para o transporte das pranchas.




Não sou praticante deste desporto, mas na família há quem tenha esta salutar paixão, Kuta Beach tem a sua beleza, mas a Praia Grande e as da Ericeira, entre outras, dão seguramente, mais "pica"...

E onde o sal, como diz o poeta,  é mais salgado:

Oh! Mar salgado,
Quanto do teu sal,
São lágrimas de Portugal...


Bem, ao fim de quase dois meses de novos horizontes, a nostalgia..., sabem como é...

Esta crónica já está a ter uma dimensão, que não sei será adequada para ser editada e, acima de tudo, ser lida por vós meus amigos, que dos detractores não reza a história...

Kuta Beach é conhecida pela observação do por do Sol, não fugi à regra e na primeira tarde, saí do hotel, atravessei a rua e segui o ritual.

Não vou tecer considerações pessoais, agora, sobre o acontecimento.

 Fica para mais tarde.

Observem, as imagens de um fim de tarde em que, o cinzento plumbeo, predominava nos céus deste torrão do oriente.








Depois do por do Sol, seguiu-se um jantar frugal de comida balinense, à base de peixe, não muito condimentado e de agradável sabor.

Regressei ao Hard Rock Hotel, bebi uma "Bitang", a Sagres da Indónésia e ouvi o grupo musical da foto, acima editada e, depois a dormir.

Outro dia, com histórias e viagens se seguiu...







































































domingo, 5 de setembro de 2010

BALI 1- Golfe

Aproveitei o feriado local de 30 de Agosto (Consultation Day – dia do referendo) e fui passar 4 dias à Indonésia, mais precisamente na Ilha de Bali.
Ilha de Bali
Umas das ilhas habitadas das milhares que constituem o arquipélago da Indonésia.
É uma ilha vulcânica de contrastes, uma zona rural nas montanhas, onde domina o verde das culturas tropicais, especialmente a do arroz do qual conseguem 3 colheitas por ano.
À beira-mar estendem-se praias extensas com equipamentos hoteleiros, alguns de grande qualidade, e muitos pertencentes a grupos económicos internacionais.
Já estão a pensar que rica vida.
Não.
Fui retemperar as forças gastas com tão longa viagem, quebras de rotinas e novos desafios pessoais e profissionais.
Às vezes, mesmo com cabelos brancos, temos de dar um safanão na calma do lar e aceitar novos desafios.
Bem, vamos lá dar uma pincelada de cor a esta vigem que muitos portugueses já fizeram, com origem no pequeno rectângulo à beira-mar plantado.
O objectivo principal da viagem era jogar golfe, bem dei muitas pancadas na bola, nas bolas, pois perdi três num buraco.
Bali tem 5 campos de golfe e fiz a reserva no mais antigo da ilha, construído há 35 anos, os outros ficarão para outra oportunidade.
Trata-se do Bali Handara Kosaido Country Club, situado numa cratera de um vulcão a 1.140 metros de altitude.
È o campo de montanha mais alto da Indonésia e o seu lay-out estende-se entre árvores tropicais, com um traçado apelativo à prática de golfe.
Joguei duas partidas, nada famosas, talvez por falta de treino, já não jogava há mais de 2 meses, ou a altitude afectou as minhas capacidades.
Das duas três, ou fiquei inibido pelas indicações dos cadies que me acompanharam nesses dois dias.
Não estou habituado a essas mordomias, qual Tiger Woods, aconselhavam, Boss joga ao lado esquerdo daquela árvore ou em frente, limpavam a bola em pleno jogo, colocavam-na no green, só faltava meter a bola no buraco.
As imagens que se seguem, podem traduzir a calma e o sossego da montanha.












  






 






























No primeiro dia, depois de acabar a partida, fui visitar uma zona turística conhecida como Bedugul, que assenta num triângulo de interesses, o Jardim Botânico, 3 lagos e o Ulun Danu Temple (budista), entre outros.
Existe, também, um mercado com produtos locais e artesanato.
Já agora nesta zona de montanha são produzidos morangos que vendem ao longo da estrada.
Partilho algumas imagens da minha visita às montanhas de Bali.

Jardim Botânico
Jardim Botânico













Lago

Barcos de Pesca













Templo
Templo

















Templo












Jardim do Templo
Jardim do Templo













Mercado frutos secos

Frutos da época









  



Outra crónica se seguirá sobre Bali, talvez no fim da próxima semana.
Até breve.